segunda-feira, agosto 14, 2006

CELSUL

VII Encontro do CELSUL
Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul
Data: 18-20 de outubro de 2006
Local: Pelotas, RS
Prazo para envio de resumos: 31 de agosto
Informações: http://antares.ucpel.tche.br/celsul/index.htm

Vamos lá?

A Bússola do Escrever


Por sugestão da Zoraia Bitencourt, colega do Mestrado da Educação que fez a disciplina Língua e Sociedade conosco, fui ler um artigo do livro “A Bússola do Escrever – desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações”, organizado por Lúcio Bianchetti e Ana Maria Netto Machado.

O artigo chama-se “Viver a tese é preciso” e a autora é Maria Ester de Freitas. O texto é muito bom e recomendo fortemente para todos aqueles que já escreveram ou escrevem uma dissertação ou tese, ou que ainda vão escrever.

A autora faz uma análise bem humorada de como nos transformamos no percurso de escrever um trabalho assim: da nostalgia dos tempos em que apenas fazíamos créditos, até nos tornarmos grandes chatos, perseguidores de prazos. As três fases caricaturais que ela descreve desse processo são: 1) “Não me pergunte sobre a minha tese ou por que na minha tese...”, em que fugimos de qualquer um que ouse nos perguntar como vai o trabalho; 2) “Pelo amor de deus não me convide” diz respeito à fase mais longa em que começamos a dizer não para todos os convites para qualquer coisa que não seja a tese; 3) “A tese está me vigiando” é da culpa, já que não existe tese sem culpa, seja do tamanho que ela for...

Para terminar, a autora nos lembra do quanto "no fundo" tal tarefa é cheia de beleza, mesmo que tomada de ansiedade e angústias. Apesar de tudo, há boas razões para continuarmos. E vale a pena descobri-las!


Outra surpresa agradabilíssima que encontrei no livro foi o artigo “A revisão bibliográfica em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis – o retorno”, de Alda Judith Alves-Mazzotti. A autora faz ótimos apontamentos do que deve ter uma boa revisão de literatura. Mas o mais interessante do artigo é o que não deve ter, ou o que não deve ser uma revisão bibliográfica. Aqui vão alguns exemplos de tipos de revisão a serem evitados:

Summa – ou “Do universo e outros assuntos” – O autor decide esgotar o assunto, retratando tudo o que já foi dito a respeito na literatura ocidental;
Arqueológico – a mesma preocupação anterior mas com ênfase na visão diacrônica;
Patchwork – ou “Saudades de Ariadne” - colagem de conceitos, autores e pesquisa sem qualquer fio condutor;
Caderno B – trata dos assuntos mais complexos de modo ligeiro e sem aprofundamento;
Cronista social – aquele que “dá um jeitinho” de usar conceitos ou autores que estão na moda;
Off the records – o autor garante total anonimato as suas fontes, valendo-se de expressões como “sabe-se”, “tem sido observado”, “muitos autores”, “vários estudos”, e similares;
Ventríloquo – o autor só fala pela boca dos outros, citando-os literalmente ou parafraseando as idéias. Não há tomada de posição do próprio autor.

Quem quiser saber mais, ou descobrir qual o seu “tipo”, leia o artigo que é excelente!

Beijos, Lia