quarta-feira, novembro 12, 2008

Participação e aprendizagem


Essa semana assisti a um filme que me fez lembrar as nossas discussões, no grupo, sobre participação e aprendizagem. “Entre les murs” (traduzida aquí em Portugal como “A turma”) ganhou há uns meses a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O filme mostra algumas cenas que se passam entre as paredes de uma escola de segundo grau num bairro de Paris, com alunos procedentes de diferentes culturas. O retrato da turma mostra um grupo de pessoas fazendo alguma coisa que não é mais a antiga escola européia. Talvez por isso, algumas pessoas da platéia lançavam exclamações de surpresa ao verem os retruques e contestações dos alunos às falas do professor. Eu não parava de pensar que essa turma era tudo que eu queria ter para aprender e inventar uma outra escola com eles!

Sem impor uma mensagem pronta nem propor soluções mágicas, o filme revela alguns conflitos existentes hoje em dia nas escolas da Europa, presas a uma idéia de aprendizagem e avaliação que não mais dá conta do que o mundo fora das paredes da escola lhes exige. Além disso, a longametragem suscita reflexões sobre autoridade, disciplina, igualdade, preconceito acadêmico, aprendizagem e, sobre tudo – eu achei -sobre o respeito da diferença, da dignidade humana e do direito de participação autêntica e voluntária. E apresenta a máquina institucional de tomada de decissões e avaliação como uma cilada da qual às vezes é impossível fugir, com conseqüências muito graves para os implicados.

Alguma vez já brincámos dizendo que, a pesar dos métodos de ensino, as pessoas aprendem. Bom, no filme, a pesar dos conflitos, ou, melhor, graças aos conflitos! todos aprendem. Se tiverem ocasião de ver, não percam, tem passagens belíssimas. Me fez lembrar por que escolhi trabalhar com aprendizagem.

(Aqui podem ver o trailer e ler uma crítica mais completa do filme)

2 comentários:

Unknown disse...

Essa metáfora do que está "entre as paredes" e "fora das paredes" me fez pensar também sobre o que é fazer aprendizagem, se é tornar o que está "entre as paredes" mais parecido com o que está "fora das paredes" ou se é justamente quando o "fora" está "entre paredes" centralmente. Há momentos especialmente difíceis de se fazer essa delimitação, porque o dentro e o fora acabam sendo muito parecidos; tenho pensado bastante sobre isso ultimamente...
Bem legal, Mariola! Quando esse filme estrear aqui no Brasil, quero ver; vou ficar de olho, porque esse é o tipo de filme que entra em cartaz por aqui só em algumas salas e infelizmente acaba saindo de cartaz rapidamente.

Um abraço.
Carmen.

Carmen disse...

Finalmente vi o filme!!! Muito bom!